Se você acompanha o mercado financeiro, provavelmente viu que, depois de chegar a quase R$ 6,50, o dólar está sendo cotado abaixo dos R$ 6,00.
E quando ocorreu uma correção do dólar como essa, sempre recebo aquela pergunta: dólar caiu, vale a pena comprar?
Lá vou eu explicar que, focar apenas na cotação é um erro. O mais importante é entender que, independentemente do preço, ter uma parcela do portfólio dolarizada é essencial para qualquer investidor que deseja proteger e diversificar seu patrimônio.
A Importância da Diversificação Internacional
O Brasil é um país com uma economia volátil, sujeita a crises políticas, fiscais e inflacionárias. Quem investe exclusivamente em ativos locais corre um risco alto de desvalorização do patrimônio quando a economia enfrenta turbulências.
Ter parte dos investimentos atrelados ao dólar é uma estratégia inteligente para proteger o poder de compra e reduzir os impactos das oscilações do real. Além disso, os mercados internacionais oferecem oportunidades que não estão disponíveis no Brasil, como a chance de investir nas maiores empresas do mundo, em setores que podem ser menos voláteis ou mais inovadores do que os do mercado local.
O Erro de Esperar “O Melhor Momento”
Muitos investidores acreditam que devem comprar dólar apenas quando a moeda está barata, esperando por uma “cotação ideal”. No entanto, prever o preço do dólar é praticamente impossível. O câmbio é influenciado por inúmeros fatores, como política monetária dos EUA, taxas de juros no Brasil e fluxos de capital estrangeiro. Esses elementos mudam constantemente, tornando inviável prever com precisão o valor futuro da moeda.
Ao invés de tentar acertar o “timing perfeito”, uma estratégia mais eficiente é a de compra recorrente. Investindo de forma regular, o investidor reduz o risco de comprar em momentos ruins e suaviza as oscilações do preço ao longo do tempo.
Como Dolarizar Parte do Portfólio?
Existem diversas formas de ter investimentos atrelados ao dólar, cada uma com características específicas:
- ETFs Internacionais: Fundos negociados na bolsa brasileira, como o IVVB11, que replica o S&P 500.
- Fundos de Investimento no Exterior: Diversos fundos brasileiros investem em ativos internacionais, com gestão profissional.
- Ações Estrangeiras: Investindo diretamente na bolsa americana (NYSE ou Nasdaq) através de corretoras internacionais.
- BDRs (Brazilian Depositary Receipts): Representam ações de empresas estrangeiras negociadas na B3.
- Tesouro Direto em Dólar (Tesouro Global): Recentemente lançado pelo governo brasileiro, permite investir em títulos públicos atrelados à moeda americana.
- Stablecoins: Para quem quer exposição ao dólar no mundo das criptomoedas, stablecoins como USDT e USDC podem ser alternativas.
Conclusão
Ficar obcecado pela cotação do dólar é um erro que pode impedir bons investimentos. Em vez de perguntar “Dólar abaixo de R$ 6,00 é compra?”, a questão mais relevante é: “Tenho um portfólio bem diversificado, protegido contra riscos locais?”
A resposta é simples: todo investidor deveria ter pelo menos uma parte do patrimônio dolarizada, independentemente do preço da moeda. Isso garante proteção, diversificação e acesso a oportunidades globais, construindo um portfólio mais sólido e equilibrado para o longo prazo.